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Você não era o amor da minha vida.

Como é que estão as coisas por aí? Conseguiu terminar o curso de línguas que você tanto queria? E os seus planos, tão dando certo? Vi que você fugiu daquele seu emprego chato, aquele seu chefe insuportável finalmente saiu da sua vida. E a viagem pra fora do país, rolou?

Ah, dia desses encontrei alguns dos nossos amigos em comum, eles te falaram? O som estava alto demais e eu estava com pressa pra aproveitar a noite como nunca havia aproveitado antes. Não entendi direito o que eles falaram, mas pedi que eles te entregassem um abraço, te entregaram? Eu sei que demorei pra te escrever, mas é que foi difícil entender o seu lado nessa história toda, sabe? Eu tive muita raiva no começo. Raiva por não aceitar como tudo tinha acabado. Raiva por ter sido aquela pessoa que sempre pensava mil vezes antes de ir embora e por você ter sido alguém que partiu na primeira oportunidade que teve.

Minha vontade era te xingar, me vingar, te deletar completamente da minha vida! Eu não conseguia entender como é que você pode desistir da gente depois de tudo aquilo que construímos juntos, como você pode cair fora e me deixar sustentando tudo sozinha. Todo o peso acabou caindo sobre mim, sabe? Fiquei embaixo dos escombros tentando encontrar um caminho pra reerguer tudo sozinha. Eu não conseguia compreender como você pode simplesmente pegar as suas coisas e ir embora, depois do tanto que a gente lutou pra dar certo. Abrir mão do nosso amor sem mais nem menos? E os nossos planos? E a nossa viagem nas férias pelas praias do nordeste? A decoração da nossa casa? O nome dos nossos filhos? Todos os nossos sonhos se transformaram em pó?

Sinceramente doeu ver você jogando tudo fora, como se fosse descartável. Mas enquanto chorava, eu me culpava e te culpava, culpava o mundo como se todo o universo tivesse armado tudo pra fazer a gente dar errado. Na minha cabeça tinha que existir alguma razão que explicasse o porquê do nosso amor ter descarrilado, afinal de contas como é que pode um amor terminar assim, do nada? Eu queria encontrar uma explicação, qualquer uma, que tornassem as coisas mais fáceis de suportar.

Eu revirara as suas redes sociais. Você sempre saindo, sorrindo, conhecendo novas pessoas, uma tapa doeria menos que ver você bem sem mim e ter que suportar tudo isso. Eu não conseguia te ver feliz sabendo que eu não era mais o motivo da sua felicidade. Acho que todo mundo acaba ficando meio imaturo quando uma relação acaba. Eu fiquei. Passei a falar mal do nosso amor, disse que tudo não passou de um engano e uma grande e supérflua ilusão. Tempo perdido. Uma mentira que eu acreditava que fosse, em algum momento, uma grande verdade. Era um espetáculo que eu paguei pra entrar mas que rezei pra que as cortinas se fechassem e tudo acabasse logo. Disse que a gente tinha sido um erro. Desses erros que machucam e traumatizam a gente, sabe? Falei que você tinha sido uma péssima escolha.

Depois me disseram que você sofreu também, que passou um tempo querendo saber como eu estava sem você, que também vasculhou as minhas redes sociais. Me falaram que você também chorou. Chorou num show em que tocou a nossa música e você não aguentou a minha falta. Mas disseram que você estava bêbado, então eu relevei. Me contaram que em algumas festas você até voltou mais cedo pra casa porque sentia a minha falta e que estava cansado de ir em lugares que a gente frequentava só pra, propositalmente, esbarrar em mim.

O fim dói pra todo mundo, não é? Talvez pra algumas pessoas mais que outras, mas a dor chega pra todo mundo e a saudade também. Queria te dizer que eu tô forte agora. Voltei a andar por aí desfilando o meu melhor sorriso, escancarei as portas do meu peito e parei com aquela bobagem de me trancar só porque alguém me machucou. Ainda continuo sendo aquela pessoa cheia de dúvidas, mas agora, ainda mais madura e segura de mim. Agora eu entendo, alguns finais por mais que doam, no final das contas nos fazem melhores.

A vida também nos apresenta alguns desencontros pra que a gente aprenda a entender que se reencontrar é necessário. Eu finalmente consegui entender que você não era mesmo o amor da minha vida, mas que isso não apaga a graça das coisas que passamos juntos. Eu só quero que você seja feliz, mesmo não sendo comigo, isso já não importa mais. Seja com alguém ou sozinha.

Iandê Albuquerque

Sou recifense, 24 anos, apaixonado por cafés, seriados e filmes, mas amo cervejas e novelas se houver um bom motivo pra isso. Além de escrever em meu blog pessoal e por aqui, escrevo também no blog da Isabela Freitas, sou colunista do Superela e lancei o meu primeiro livro em Novembro de 2014 pela Editora Penalux. .

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