A realidade da nova era é: Aprender a viver sozinho e ser nosso melhor amigo.
Aprendemos a viver em grupo para nos tornarmos mais fortes para a sobrevivência. Nosso “ante inconsciente”, a mente primitiva, traz a necessidade de não sermos sozinhos. Mas a evolução é inevitável assim como a adaptação à nova realidade. Estamos cada vez mais sós e temos que aprender a lidar com isso.
Não há mais a mesma necessidade de viver em grupo para sobreviver, isso porque a sobrevivência não depende do coletivo como no passado distante. Claro que a vida é um comboio social em que dependemos um do outro, mas para isso, os vínculos podem ser apenas profissionais.
O amor próprio ou narcisismo primário é um protetor psíquico, mas é preciso estar atento pois o exagero desse sentimento chega a ser um mal patológico e sua falta pode tornar-se também uma doença.
Na solidão precisamos buscar a “imensidão “ que nos habita. O mundo lá fora é grande, mas a representação interna desse mundo é infinitamente maior.
O ambiente emocional interno é sempre maior que o mundo real.
Representamos lugares, sentimentos, pessoas, experiências, sensações… somos capazes de inventar um mundo que não existe, uma outra dimensão.
Entrar em contato com a imensidão através da solidão é uma experiência rica.
Aprendemos na solidão a buscar a “solitude”: Na solitude posso buscar a mim mesmo!
Como costumo dizer, tudo na vida não pode ser mais nem menos e, sim, o meio.
Temos que encontrar o ponto de equilíbrio: beber pouca água faz mal a saúde, mas beber em excesso também.
É bom ter amigo, faz bem ter amigo, traz benefícios, mas antes de mais nada, temos que ter a consciência de que nós somos nosso melhor amigo.
Dormimos e acordamos com nossos pensamentos.
Somos o nosso próprio dono e todo o reflexo das nossas atitudes decai sobre nós mesmos.
Na era da solidão, não podemos nos desesperar a pensar que é o fim e, sim, aprender a lidar com ela.
A realidade da nova era é: Aprender a viver sozinho e ser nosso melhor amigo.
Ser seu melhor amigo está relacionado a conseguir viver consigo mesmo, aceitar a si mesmo e amar a si mesmo.
Claro, sempre com equilíbrio já que amar demasiado a si mesmo pode causar uma cegueira e criar uma rejeição social.
Para você ser o seu melhor amigo, antes de mais nada, é necessário ter autorreconhecimento, que é estar ciente do valor próprio que aumenta o amor e a aceitação por si mesmo..
O outro ponto é saber o verdadeiro significado da solidão para que ela não atrapalhe o íntimo.
Costumo fantasiar algumas questões.
A solidão, por exemplo, é um compartimento que chamo de “tanque de amizade”, quando ele está vazio, muito sozinho, abastecemos com amizade, seja ela de longa data, curta data ou passageira.
A solidão – Aprendendo a ser só
Para ser seu melhor amigo, é preciso antes de mais nada aprender a ser só.
Para isso, como para tudo na vida que desejamos combater, lidar ou conviver, devemos ter o conhecimento do significado da palavra para saber o que será enfrentado. Esse é o princípio do conhecimento para o autorreconhecimento.
A solidão é um sentimento diferente da emoção, ele não é passageiro.
É a sensação de vazio e isolamento.
É a necessidade de algo ou de alguém que te transforme.
Baseado nesse conceito de solidão e o compreendendo, tudo se torna um pouco mais simples.
Para não deixar que a solidão atrapalhe que você seja seu próprio amigo, é preciso completar esse vazio e também se transformar.
Estratégias
Faça muitos amigos enquanto é criança e jovem.
É a fase natural de interação e descobrimento e com eles virão os obstáculos da vida e o aperfeiçoamento do cognitivo. É nessa fase que traçamos as diferenças e adquirimos experiência para ter a consciência necessária para aprender a viver na solidão e ser seu próprio amigo.
Ser seu próprio amigo na era da mídia social
Como somos solitários procuramos pessoas, mas conviver com as pessoas não é nada fácil. Ainda mais na era da mídia social onde os corajosos encontraram coragem de se expor e acreditar na própria razão. Onde os ignorantes escrevem pra si, acham que estão certos, pensam que muitos leram e se garantem em um ou outro comentário a seu favor (o que o faz acreditar que é o dono da razão).
É a era da falta de humildade e do egocentrismo.
A era da falta de tempo e que a felicidade virou uma obrigação e não uma consequência.
A era do mundo da fantasia onde as imagens enganam uma realidade inventada do que poderia ser.
Essa realidade inventada faz com que as pessoas criem uma realidade inexistente sobre si mesmo e, como um filme mentiroso da própria vida, como um conto de fadas, acreditam na própria mentira e aprendem a conviver com ela.
Estamos na era em que a falsa realidade não só se sobressai mas induz uma realidade subconsciente em que a pessoa acredita.
Nos afastamos das pessoas também pois a compatibilidade é pequena.
Na era do egoísmo e do egocentrismo, quando não temos a liderança, não aceitamos sermos só coadjuvantes e, sim, protagonistas.
Ao longo da vida, a internet e a televisão nos induziu a acreditar que ser líder é bom, que ser líder é ser melhor quando a ciência já comprovou que apenas 1% da população mundial tem o gene da verdadeira liderança e o cognitivo para tal.
Mas mesmo que sejamos protagonistas de nós mesmo, mesmo assim, temos que aprender a viver com a solidão.
Podemos nos “agarrar” à solidão perceptiva para conviver com a solidão.
Seria viver sozinho sabendo que há alguém por perto.
Qual a diferença entre um preso numa cela sozinho e você num apartamento sozinho?
A percepção, pois são metros quadrados de solidão com dimensões diferentes, mas com uma solidão igual. O que difere é a consciência de que há alguém próximo ou que podemos ir à rua e nos depararmos com pessoas.
A solidão dói pois não aceitamos a nós mesmos e buscamos no outro algo que complete.
Essa dor é amenizada quando o tempo é ocupado com absorção de conhecimento e com o amor próprio que está vinculado a uma autovalorização sob medida.
Já percebeu que a mídia social propaga a felicidade mas na maioria das fotos as pessoas estão sozinhas?
Você supera a solidão quando encontra uma pessoa parecida contigo ou que aceite e afirme o que você diz e acha.
Não aceitamos ser contrariados. Isso está ligado ao limite intelectual. Mesmo que o ato de pensar seja solitário, precisamos de pessoas para confirmar o pensamento.
Assim como a paixão, a amizade acaba quando descobrimos que o que projetamos sobre aquela pessoa não é real. A descoberta da verdade real e não da verdade inventada por nós mesmos.
A solidão é o momento disponível para o autorreconhecimento e este, é essencial para tudo na vida.
O bom da solidão:
1 – A solidão induz ao raciocínio.
2 – Criamos um personagem de nós mesmos e nos divertimos com ele.
3 – Nos sentimos soberanos em nossa realidade criada.
4 – Nos conformamos com os nossos segredos.
5 – Não precisamos ter com que se encher ou alguém para encher o saco.
6 – Não precisam saber a verdade sobre mim.
O ruim da solidão
1 – Não há quem confirme o raciocínio criado na solidão.
2 – Não há quem confirme se esse personagem vale a pena ou se é real.
3 – Não há quem confirme que realmente somos tão potentes como pensamos.
4 – Não há quem possa desabafar para aliviar a consciência dos segredos guardados.
5 – Não tem para quem transbordar a insatisfação e isso se transforma em amargura. O encher o saco é uma opinião que pode ser usada para avaliarmos a razão.
6 – Quem vai julgar que essa verdade não seja só minha e me salvar?
Como ser o próprio amigo
Autorreconhecimento – Faça um autorreconhecimento, não deixe que o egocentrismo crie uma inimizade própria. Saiba seu valor, dom e talento para que possa crescer na vida e amar a si mesmo. Considere seus limites para que eles não possam te atrapalhar.
O intruso – Se negue a participar do que pode não ser bom para si. Evite passar por situações que não precise passar. Não ter que estar em todos os ambientes também é um charme que te posiciona na sociedade.
Autoestima – Tenha sua autoestima sob medida. Esteja bem consigo mesmo para que possa não precisar de mais ninguém para estar bem.
Livros, filmes e documentários – Se alimente de conhecimento. Não há melhor remédio para solidão e nem melhor alternativa para ser seu melhor amigo que não seja ocupar o tempo com conhecimento. Ler bons livros, ver documentários, filmes e vídeos no YouTube que te tragam conhecimento. A distração dá um chega pra lá na solidão e o conhecimento ocupa seu tempo e faz com que conheça mais de si mesmo.
Compaixão – Tenha compaixão de si mesmo e do outro. Aceite a todos sem pr- julgamento e sentirá o quanto está repleto de si mesmo.
Aprenda com as falhas – Aprender com os erros traz experiência e esse conhecimento que não tem preço nem está nos livros. É a sua própria cognição que, vinculada ao autorreconhecimento, vai criar um amor próprio saudável, assim como um orgulho saudável de si mesmo.
Amigo emprestado – Podemos usar a companhia passageira para suprir a solidão. Num café, no curso, nos lugares públicos onde há interação podemos suprir a solidão a jogar conversa fora, contar nossa vida, nossos acontecimentos, desabafar, mesmo que seja para alguém com quem você não encontrará mais.
Mídia social – Use a mídia social para suprir a solidão, sem excesso, na medida certa, o suficiente para abastecer seu “tanque de amizade”
Maturidade – Aprender a lidar com a solidão exige maturidade. Temos que antes ter buscado companhias o suficiente para ter a certeza que você é seu próprio amigo.
Opiniões e sentimentos – Com a autoestima aprimorada, valorizamos mais as nossas opiniões e sentimentos e, assim, convivemos melhor conosco. Ser a nossa prioridade causa independência e, com isso, estamos bem conosco.
Não pense na solidão – Não esqueça que não está só e, sim, tem a si mesmo. Considere a si mesmo como um todo.
Base intelectual para saber ser seu melhor amigo
Lembre-se que querer pessoas que aceitem e concordem com tudo o que pensamos e queremos não é um ato inteligente. Ser inteligente é estar disposto ao debate, é querer escutar para aprender, é querer errar para aprender com erro. O intelectual tem sede de conhecimento, seja ele dos livros ou da vida. Ele está disposto e busca discordância para que possa aprimorar seu embasamento.
Considerações finais
Todos podem me abandonar e eu posso abandonar todos, mas não posso abandonar à mim mesmo. Só na maturidade aprendemos a buscar momentos de estar conosco, na maturidade sentimos saudade de nós.
A solidão por opção é solitude.
Saiba ouvir o “não dito” e descubra a “imensidão” que está dentro de você.
*texto de Fabiano de Abreu – Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University;Mestre em psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio,Unesco; Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal;Três Pós-Graduações em neurociência,cognitiva, infantil, aprendizagem pela Faveni; Especialização em propriedade elétrica dos Neurônios em Harvard;Especialista em Nutrição Clínica pela TrainingHouse de Portugal.Neurocientista, Neuropsicólogo,Psicólogo,Psicanalista, Jornalista e Filósofo integrante da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814, da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488 e da FENS – Federation of European Neuroscience Societies-PT30079.
E-mail: deabreu.fabiano@gmail.com
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