Autor Roberto Debski
O termo original Romantismo se refere ao movimento artístico, filosófico e político que surgiu na Europa no século XVIII, indo até o século XIX, e vários conceitos desse movimento permearam a cultura e os ideais desde então.
Reconhecemos a necessidade de viver uma relação afetiva que nos faça, e ao outro, plenos e felizes, porém, quando falamos na atualidade em romantismo, geralmente nos referimos a um romantismo infantilizado, baseado em carências, um tipo de amor idealizado, muitas vezes utópico e que pode gerar para o outro e para a relação uma carga de expectativas infantis que podem se transformar em obstáculos para que esse relacionamento possa dar certo.
A idealização do romantismo na relação geralmente coloca no outro a responsabilidade de nos fazer felizes, ou em nós de fazermos o outro feliz, quando isso é impossível, e mesmo não desejado.
Cada um deve buscar seu equilíbrio e felicidade, e quando ambos estiverem bem consigo mesmos e com suas vidas, amando a si mesmos e com amor suficiente para compartilhar, podem então encontrar um ao outro, emocionalmente maduros, sem padrões de dependência, sem esperar que o outro forneça algo que não temos para suprir nossas carências, sem que tenha que nos dar aquilo que não recebemos de nossa mãe ou nosso pai, e outras expectativas imaturas e infantis, causas de fracasso da maioria das relações afetivas.
Esse é um tipo de romantismo maduro, fundamentado em um padrão de equilíbrio emocional de ambos parceiros, prontos para compartilhar o que tem em excesso, que também requer atitudes românticas adultas, de cuidado, atenção e dedicação, e que desse modo pode fazer uma relação dar certo.
Uma pessoa romântica adulta e com maturidade emocional é aquela que primeiro está bem consigo mesma.
Sabe se amar, reconhece suas qualidades e defeitos, busca o aprimoramento pessoal. Como se ama plenamente, tem a oferecer ao outro o que tem em excesso, o amor e a abertura para trocar, dar e receber.Tem disponibilidade emocional, de tempo, prioriza a relação, é atenciosa, dedicada, carinhosa e amorosa, faz gestos que demonstram que quer realmente que a relação dê certo, fazendo o que o outro aprecia, agradando, reconhecendo e apoiando, mas também cobrando e mostrando o que precisa evoluir na relação, que nunca será perfeita, e é uma pessoa aberta para receber o mesmo de seu parceiro ou parceira.
Vive uma sexualidade saudável e que vincula cada vez mais o casal.
A sexualidade é a energia que nos liga ao outro na relação, nos distanciando da família de origem. Essa distância é necessária, a fim de que possamos criar uma nova família, unindo e compartilhando nosso modelo de família com o nosso par. Assim criamos um padrão mais saudável para nossa família atual, respeitando a família de origem e mantendo-a em nosso coração.
Segundo a visão sistêmica de Bert Hellinger, criador das Constelações Familiares, de acordo com as leis do Amor, toda relação só se mantém se houver uma troca contínua.
Quem recebe se torna “devedor” e se sente no papel de também suprir o outro pelo tanto que recebeu. Isso não se faz por obrigação, mas por equilíbrio sistêmico da relação, que assim cresce continuamente em amor. Em um momento recebemos, em outro damos, harmonizando a balança do amor, que cresce e floresce continuamente.
Quando só um tem essa disponibilidade, dá e o outro somente recebe, haverá um desequilíbrio sistêmico na relação, que tenderá a acabar, já que o equilíbrio de troca não se completa igual e justamente.
Há diversas características de romantismo nos relacionamentos. As ideias em relação ao amor romântico são as mais diversas, geralmente utópicas e irreais, conforme o padrão de relacionamento que modelamos e aprendemos, na nossa família de origem, o que nos é mostrado cultural, étnica e socialmente, às crenças que trazemos e idealizações que criamos durante nossas vidas.
Há quem acredite que o amor romântico é aquele em que estamos disponíveis 100% de nosso tempo para o outro, aquele em que damos sem exigir nada em troca, ou quando não podemos sair do lado do outro nem olhamos para mais ninguém nem temos mais amigos, em que a paixão avassaladora do início da relação tem que continuar igual durante toda a vida, que não podemos negar nada, que não podemos nunca discordar do parceiro, e outras ilusões infantis que criam conflitos e geram sofrimento e dificuldades nas relações.
O amor romântico maduro e adulto também é sujeito às emoções conflitantes e não totalmente resolvidas que ainda temos.
Ninguém é perfeito o suficiente para não mais sentir os reflexos de sua sombra ainda não solucionada. Porém a pessoa que busca o autoconhecimento e aperfeiçoamento pessoal, e quer viver uma relação amorosa madura, satisfatória e plena, reconhecerá quando sentir conflitos, limitações e dificuldades que são suas, que possam gerar conflitos na relação, e procurará solucionar consigo mesma seu problema, nunca os projetará no outro.
O amor é uma relação de troca. Embora não devamos fazer algo na expectativa do retorno, e sim somente com a intenção de dar para quem amamos, se o outro não for recíproco, equilibrando a lei da troca, a relação será prejudicada.
Não se trata de uma obrigação nem deve ser algo imediato e automático, mas sim uma relação que tenha em sua base o cuidado de ambos com o equilíbrio, recebendo e doando, permitindo-se amar e ser amado, o que gera por si a harmonia na relação fazendo com que cresça e evolua continuamente.
Quando falamos de pessoa romântica madura, nos referimos à alguém que é atencioso, tem atitudes amorosas e afetivas, cuida do outro demonstrando através de atitudes o que sente, e a qualidade dessas atitudes varia de pessoa a pessoa.
Há aqueles que são mais ou menos carinhosos, que demonstram através de gestos, ou presentes, ou palavras o que sentem, os que são mais ou menos detalhistas, cada um com suas particularidades e gostos próprios.
No início de uma relação, as pessoas costumam agir de todas maneiras para agradar ao outro, usando todos canais de acesso, visual (olhar), auditivo (palavras) e cinestésico (toque), porém com o tempo passam a agir com o outro da maneira como gostariam de ser tratadas, agindo de acordo com suas preferências, e quase sempre o outro tem maneiras diferentes de demonstrar seus sentimentos. As pessoas devem viver uma relação em que exista algum grau de afinidade. As diferenças pessoais muitas vezes chamam a atenção e atraem no início de uma relação.
Uma pessoa extrovertida e comunicativa pode atrair outra mais introvertida e vice versa, já que aquilo que não temos, geralmente nos atrai.
Porém com o tempo, as diferenças quando intensas podem gerar dificuldades na relação.
Quando as pessoas não são maduras, têm a vontade de mudar o outro, criticando, e julgando-o como inadequado e errado. Nesse ponto da relação, as diferenças não mais atraem, elas incomodam, e podem levar a feridas que se tornam incuráveis, se não houver aceitação do outro como é.
Em uma relação madura, cada pessoa tem que respeitar o espaço do outro.
Demonstrar o amor através de atitudes, gestos, cuidado, é algo positivo, porém, fazê-lo agressivamente demonstra que busco preencher alguma carência minha levando-a para a relação e gerando expectativas irreais.
Por outro lado, estar em uma relação em que o outro não tem nenhuma disponibilidade para nosso amor, e para nossas atitudes, mostra que não nos valorizamos o suficiente e aceitamos as migalhas dessa relação geralmente por medo de ficarmos sós.
Amar e estar em uma relação não significa que as pessoas devem estar grudadas o tempo todo, nem somente olhar um para o outro.
Cada um tem aspectos da vida que não são compartilhados totalmente, e isso traz riqueza e novas trocas para a relação.
Se preciso que o outro olhe somente para mim, viva para mim, sem que tenha um espaço em sua vida para suas próprias atividades, acho que o outro é minha vida e não conseguierei viver sem sua presença, isso significa que estou vivendo uma relação imatura, infantil, repetindo um padrão de relação que esperava receber de minha mãe quando era criança.
Amar e se relacionar requer olhar para si e para o outro. Reconhecer seus próprios padrões e gostos, e os de seu parceiro ou parceira. Não forçar ao outro algo que esse não aprecie.
Quando queremos agradar o outro fazendo aquilo que nós gostamos, e não o que o outro gosta, nos portamos de maneira egoísta e controladora.
A princípio parece que estamos fazendo algo bom, mas em uma relação equilibrada, a troca deve ser boa para ambos.
Há momentos em que cedemos, outros em que cabe ao outro ceder. Numa relação devemos provar que estamos certos ou fazer a relação dar certo?
Nem sempre faremos o que gostamos, nem o que o outro gosta. O equilíbrio está na troca, no respeito, no olhar para o outro e conhecer suas necessidades, limites e potenciais.
Se as pessoas têm maneiras diferentes de demonstrar seus sentimentos, podem reconhecer a sua e a do parceiro ou parceira, e como em toda troca equilibrada, procurar agir de maneira a satisfazer as necessidades do outro, sem se violentar ou sofrer, mas por amor e cuidado.
Podemos aprender a agir de maneiras que são fora de nossos padrões e costumes.
Isso não nos diminui, mas sim enriquece nosso repertório afetivo e comportamental, e amplia a possibilidade de crescer no relacionamento, já que agradaremos e seremos mais agradados.
Isso é o que deve ser feito em uma troca madura e adulta, dar e receber, exigir e ceder, amar e ser amado.
Se o outro não se mostra nunca disponível para receber nossos gestos, da maneira como somos, nem nos agradar da maneira como apreciamos, pode mostrar um certo grau de egoísmo, rigidez e falta de abertura.
Insistir em uma relação abusiva, de dependência e codependência, fechada, egoísta, achando que irá “mudar” o outro, é uma ilusão. Essa atitude evidencia nossas próprias carências e dificuldades e, nesses casos, somos nós que precisamos de ajuda, não o outro. Insistir em mudar o outro mostra que não temos o olhar para mudar aquilo que ainda é desequilibrado em nossa própria maneira de amar.
O amor maduro requer saber se adaptar ao outro e construir uma relação de troca. Por vezes faremos o que não gostamos, mas não sempre. Por vezes o outro cederá também, por amor, não por obrigação.
Dar e receber é uma lei da Vida, que enriquece as relações, demonstrando maturidade, abertura e crescimento.
Há diversas maneiras de demonstrar que se ama, dependendo das nossas características individuais. Geralmente usamos todas elas no início de uma relação, com a finalidade de agradar o outro.
Demonstramos nosso amor no início da relação por palavras, gestos, olhares, carinho, presentes, cobrindo todo o espectro de diferenças de necessidades do outro, e assim certamente acertamos naquilo que o agrada.
Com o tempo, se somos por exemplo mais auditivos, falaremos ao outro o que sentimos, mas se ele for mais cinestésico, priorizando o sentir e o toque, poderá não se sentir amado, mesmo que as palavras amorosas e sinceras sejam ditas. A pessoa cinestésica precisa de toque, de abraços e toques, e as palavras não serão suficientes para que perceba o amor de seu parceiro.
Dr. Gary Chapman explicou essas diferenças em seu livro “As 5 linguagens do Amor”, e afirma que essas formas de vivenciar o amor são: toque físico, palavras de afirmação, tempo de qualidade, atos de serviço e presentes. Cada pessoa tem suas preferências, e é nosso papel na relação dar ao outro o que ele precisa, não somente o que nós gostamos ou temos preferência. O outro deverá fazer o mesmo, o que alimentará continuamente o amor na relação, aproximando os parceiros e enriquecendo suas vidas e sua união.
Todos gostam e necessitam ser reconhecidos em suas qualidades, ser admirados e apreciados por quem são, receber demonstrações de amor, sentir que o outro se dedica à relação, quer estar junto, valoriza o relacionamento, tem a intenção de crescer juntos, defendido quando necessário, de receber presentes, ser admirados, respeitados, e essas atitudes devem ser recíprocas para que o amor cresça continuamente e ambos se sintam satisfeitos.
Amar e se permitir ser amado de forma madura é um aprendizado para a vida, e certamente compensa todo esforço e dedicação.
Dr. Roberto Debski
Médico – CRM / SP 58806
Psicólogo – CRP/06 84803
Coach e Trainer em Programação Neurolinguística
Facilitador em Constelações Familiares Sistêmica
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