Quando você me olha assim, assim mesmo como está olhando agora, a brisa vem fina e se instala em meu corpo, mais ou menos como acontece quando a janela abre de manhã bem cedinho e o sol vem se mostrando aos poucos.
É que esse jeito de olhar tem algo que me paralisa por inteira, ao mesmo tempo em que me deixa serena. E você vem vindo como se soubesse exatamente o que me causa, mas você não sabe. Sabe por quê?
Porque você me causa muito mais do que o arrepio na nuca ou as borboletas no estômago. Quando estou com você me sinto grande, gigante, do tamanho do mundo. E seus braços me cabem como uma luva. E me encaixo no seu corpo feito quebra-cabeça de um milhão de peças que você monta em menos de um minuto.
E podemos ficar calados por horas que não faltará silêncio para ninar nosso tempo. E podemos ficar acordados até amanhecer ainda em silêncio, pois o único som que escuto é o meu coração que bate junto do seu. Aliás, qual é o meu? Qual é o seu? Que melodia é essa que eles fazem juntos?
É amor, você responde. E quando fala em amor parece até um poeta. E combina rimas escrevendo linhas, e canta qualquer música que não existe, e me decifra como se fosse a primeira vez. E me faz sentir a primeira de todas as outras que você já teve.
Faz tão pouco tempo que você apareceu na minha vida e parece que faz tanto. É que você me causa um tanto de coisa, menino. É tanto de tanto que nem cabe mais em mim. É tanto de tanto que nem sei mais de mim.
Agora só entendo mesmo é de nós. Do seu inteiro com o meu inteiro e das metades das laranjas que a gente já jogou fora. Preciso apenas encostar minha cabeça em seu peito depois de um dia cansado. E lhe ter em meus braços para selar nosso encontro.
E de pensar que amar nem estava mais em meus planos. E de lembrar que desacreditei tantas vezes nessa história toda de me apaixonar de novo. Você chegou e transformou tudo.
Você me tornou a melhor versão de mim mesma. Não porque chegou mudando quem eu era, mas porque me permitiu ser quem sou e me amou ainda mais por isso.